15 de jan. de 2010

Minha velha bossa nova.

Confesso que a Bossa Nova é uma das minhas maiores paixões, musicalmente falando. Nomes como Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Nara Leão, Dorival Caymmi, Toquinho, João Gilberto, Miúcha, Maysa, entre tantos outros que participaram deste movimento que teve início nos anos 1950, no Rio de Janeiro. Considerado um movimento musical de elite, já que foi o primeiro egresso das faculdades. O baiano João Gilberto é considerado o pai da Bossa e os seus maiores ícones são Tom Jobim e Vinicius de Moraes, grandes amigos e parceiros musicais. A Bossa Nova tinha letras que, constrastando com os sucessos de até então, abordava temáticas leves e descompromissadas. A forma de cantar também se diferenciava da que se tinha na época. Segundo o maestro Júlio Medaglia, "desenvolver-se-ia a prática do canto-falado ou do cantar baixinho, do texto bem pronunciado, do tom coloquial da narrativa musical, do acompanhamento e canto integrando-se mutuamente, em lugar da valorização da 'grande voz'".
Os maiores sucessos do movimento foram 'Garota de Ipanema', 'Chega de Saudade', 'Que Maravilha', 'Desafinado', 'O Barquinho', 'Eu Sei Que Vou Te Amar', 'Se Todos Fossem Iguais A Você', 'Águas de Março', 'Corcovado', 'A Felicidade', 'Insensatez', 'Tarde em Itapuã' e 'Samba De Uma Nota Só'. Recebeu críticas dos seguidores da dita música de protesto, que criticava o sistema vigente no Brasil nos anos 60, a ditadura militar.

Fiz uma poesia em homenagem a Bossa Nova, este ritmo que meche com o meu coração e faz eu ter saudade de uma época que eu nem vivi e de músicos que nem conheci, mas admiro de forma imensurável.

Minha Bossa Nova chegou de mansinho
Com o seu violão e o sussurro do Jobim
Eu senti no meu peito um carinho
Mas também uma paz como a flor de jasmim.

Eu nunca vou esquecer do Vinicius
Era da Gávea o meu poetinha apaixonado
Com seus vícios e resquícios
De amores e beijinhos perfumados.

E o seu e o meu Tom, este é eterno em meu coração
Não quero mais esse negócio dele longe de mim
Eu quero um barquinho a deslizar no mar, um avião no Galeão
Eu quero uma tristeza sem fim, mas quero felicidade sim.
Eu acho que amar é um tanto necessário, é alimento diário.



Sou
Sol

Sorri
Saltitei
Sonhei

Somei
Senti
Sentei

Sozinha
Salgada
Sabor de soro

Saí
Serena
Sumi.




                                                                                    
A bossa é velha
A fossa é nova
O amor é velho
A tristeza é nova
Mas a vida se renova
Deixando a lembrança velha

Como um assobio de um pássaro.

A bailarina e o Astronauta                                                        
Composição: Tiê

Eu sou uma bailarina e cheguei aqui sozinha.
Não pergunte como eu vim,
Porque já não sei de mim.
Do meu circo eu fui embora,
Sei que minha família chora.
Não podia desistir,
se um dia, como um sonho ele apareceu pra mim.
Tão brilhante como um lindo avião.
Chamuscando fogo e cinzas pelo chão.

De repente como um susto,
num arbusto logo em frente,
aconteceu uma explosão,
afastando a minha gente.

Mas eu não quis ir embora, não podia ir embora.
Como se nascesse ali um amor absoluto pelo homem que eu vi.
Poderia lhe entregar meu coração.
Alma, vida e até minha atenção.

Mas vieram as sirenes e homens falando estranho.
Carregaram meu presente como se ele fosse um santo.
Dirigiam um carro branco e num segundo foram embora.
Desse dia até agora, não sei como, não pergunte, procuro por todo canto.
Astronauta, diz pra mim cade você
Bailarina não consegue mais viver.


Está é a letra da canção 'A Bailarina e o Astronauta', da cantora paulistana Tiê. Ela tem uma belíssima voz e compõe letras lindíssimas, mostrando todo o seu talento como letrista. São músicas doces e que trazem uma paz, um aconchego para a alma.



Desde que venceu o tradicional Prêmio Fico do Colégio Objetivo, a cantora paulistana se tornou figura frequente nos palcos da noite paulistana. Primeiro como intérprete, depois experimentando composições próprias.


A certeza de seu caminho musical fez com que Tiê investisse em seu talento. Estudou canto em Nova Iorque, onde continuou sua carreira. O talento chamou a atenção de Toquinho, que a convidou para ingressar em sua banda. Tiê rodou o Brasil e o mundo com o músico e acumulou experiência.

Em busca da carreira autoral criou ao lado do amigo e parceiro Dudu Tsuda, o celebrado projeto Cabaret, que se notabilizou em dois dos melhores clubes de Sao Paulo: Vegas e Studio SP.

O período rendeu um EP à cantora, e uma excelente visibilidade na mídia: Tiê foi colocada em todas as listas de novas cantoras promissoras e destacada pela peculiaridade de seu som - bastante auto-biográfico.

Em 2008 Tiê preparou seu primeiro CD. Em nova parceria - agora com o produtor carioca Plinio Profeta - foram gravadas dez faixas de autoria própria, ao vivo, bem ao estilo low-fi –antiga tendência resgatada por novos cantores/compositores folk do mundo todo. O trabalho foi batizado de Sweet Jardim.

As quatro primeiras faixas (Assinado eu, Dois, Quinto Andar e Passarinho) são baseadas na voz e no violão tocado por Tiê e trazem arranjos incidentais e minimalistas que valorizam o lado musicista e romântico da cantora.

O tom sobe na quinta e oitava músicas (Aula de Francês e Stranger But Mine), que ainda trazem Tiê ao violão, mas com arranjos mais rápidos e próximos ao folk e letras que mesclam o francês e português (Aula de Francês) e o inglês (Stranger But Mine). Chá Verde (sexta faixa) introduz Tiê ao piano, e é a mais autobiográfica canção do disco. O piano com acompanhamentos incidentais se repete na nona faixa (A Bailarina e o Astronauta). As duas músicas explicitam a elogiada capacidade de letrista da cantora.

Por fim, a música titulo, Sweet Jardim, surge como uma celebração do trabalho, embalada pelos violões ciganos do mestre Toquinho, que faz participação mais do que especial no disco.
O trabalho, ainda conta com a concepção estética da estilista Rita Wainer, que também assina a capa.

{Retirado do myspace oficial de Tiê - www.myspace.com/tiemusica}

14 de jan. de 2010

Resquícios de mim.



















Na primavera sou a sua flor
No inverno, seu calor
No verão, seu sol
No outono, seu rouxinol.


Entrará e sairá estação
Eu continuarei em seu coração
Como o perfume da flor no jardim
E como o resto de neve na porta cor de marfim.

13 de jan. de 2010

A tarde, o vento e o mar...

Acabei de chegar da praia. Ai, como eu precisava ver e sentir o mar. Ouvir sua brisa e suas ondas explodindo em mim. Me sinto revigorada e com vontade de ficar por lá eternamente. Para mim, que moro em uma cidade não litorânea e fria, a praia é um lugar mágico. A areia e seus búzios, siris e estrelas-do-mar me fascinam. A tarde caia e eu ia caminhar até as pedras. Morri de vontade de andar de ultra-leve, mas infelizmente não andei. Mas valeu a pena só por ter visto o mar. O mar, tão grande e temeroso, mas que me faz tão bem.

E como praia me lembra Bossa Nova, aqui está uma canção que gosto muito:

O BARQUINHO
Composição: Roberto menescal/Ronaldo Boscoli

Dia de luz, festa de sol
E o barquinho a deslizar
No macio azul do mar
Tudo é verão, o amor se faz
Num barquinho pelo mar
Desliza sem parar...
Sem intenção, nossa canção
Vai saindo desse mar e o sol
Beija o barco e luz
Dias tão azuis
Volta do mar, desmaia o sol
E o barquinho a deslizar
E a vontade é de cantar
Céu tão azul, ilhas do sul
O barquinho é o coração
Deslizando na canção
Tudo isso é paz, tudo isso traz
Uma calma de verão
E então
O barquinho vai, a tardinha cai
O barquinho vai, a tardinha cai

5 de jan. de 2010

Sonantes: o herdeiro do 3namassa.



CARTA ABERTA AOS OUVIDOS FECHADOS ou SOBRE OS SONANTES & SEUS SONIDOS
Ilmos. Senhores(as) proprietários de aparelhos auditivos por ventura bloqueados, venho por meio desta solicitar-lhes a desobstrução de suas vias. É chegada a hora e a vez da cotonete! Reconheço, é bem verdade que nessa era caracterizada pela overdose de informação, a reação de tapar as orelhas muitas vezes faz sentido, pois o BPM da vida moderna acelera mais e mais a cada novo amanhecer, e nem sempre existe a chance de separar o joio do trigo. E, por isso mesmo, chamo atenção a esse... momento, esse encontro, essa convergência denominada Sonantes. Sim, porque nesse caso, “projeto” não é termo que explique bem a intenção. Afro, latino, cancioneiro, pernambucano, planetário, o disco se coloca, de maneira espontânea e imponente, na linha evolutiva da música daqui, ao valorizar muito a composição e a interpretação. Céu, a cantora que deslumbrou o Brasil e o mundo mas não se deslumbrou, é a voz que conduz esse trabalho, que, vale deixar claro, não é seu aguardado segundo álbum, mas uma verdadeira conseqüência do cotidiano. Tanto ela e seu parceiro Gui Amabis (compositor e produtor de background cinematográfico), quanto o irmão dele, o também produtor e trilheiro Rica Amabis (Instituto), e a dupla Dengue e Pupillo, mais conhecida como A Cozinha Da Nação Zumbi, residem todos no mesmo conjunto de prédios, nas Perdizes Paulistanas. Então, muito além dos palcos e estúdios, os cinco responsáveis centrais por essa obra dividem também as contas, o lanche na padaria, as piadas de bairro e os dias chuvosos. Quando os últimos se juntaram sob a alcunha de 3 Na Massa, o espírito já era meio esse, mas a troca das várias cantoras (convocadas para a estréia deles) pela dupla do edifício ao lado intensificou largamente o clima Lá Em Casa, que é uma das cores mais marcantes, um dos trunfos dos Sonantes. Isso sem falar em outro trunfo chamado Jorge Du Peixe. O linha-de-frente da Nação é praticamente uma entidade que páira sobre o disco todo. O cara co-assina a arte do encarte com Valentina Trajano (Arteria) e ainda deu nome à criança. Fora ele, outros comparsas, como Siba, Lúcio Maia, Beto Villares, Daniel Bozio, Toca Ogan, Fernando Catatau, Gustavo Da Lua, Pepe Cisneros, Sergio Machado, B-Negão e Apollo 9, também chegaram junto e contribuíram com performances (e, em alguns casos, composições) que completam o panorama em grande estilo. Agora, já ciente da receita, resta aos homens e mulheres de boa vontade apenas a opção de deixar os Sonantes soarem, e se deliciarem. Sem mais, me despeço, desejando boas audições.

São Paulo, Natal de 2007, Rodrigo Brandão.


Este manifesto de Rodrigo Brandão, MC do grupo paulista Mamelo Sound System, é um convite a desbravar o universo deste álbum, que para mim é indispensável aos ouvidos. Germinado a partir do 3namassa (projeto de Rica, Dengue e Pupilo, no qual cantoras interpretam as canções, enquanto músicos do sexo masculino escrevem as letras, em um nítido e assumido tributo à Chico Buarque, Serge Gainsbourg e ao desenhista de cunho erótico Carlos Zéfiro, Sonantes vem como um disco diferente, ousado e ao mesmo tempo sutil, doce e multifacetado. Não irei comentar todas as 10 faixas do álbum, só mesmo aquelas que mais me afetuei(salvo que adorei todas).
Começo por 'Carimbó', música da banda pernambucana do movimento manguebeat, Nação Zumbi. Regravada neste CD com grande maestria, quando ouço me sinto em uma roda de carimbó (dança típica do litoral paraense de origem negra, mas que também é considerada um gênero musical). Daí o nome da música. O timbre grave e carregado de Jorge Du Peixe (vocalista da Nação) dá lugar à voz delicada e em alguns momentos quase balbuceada de Céu.
Em 'Toque de Coito', a canção mais sensual e erótica do CD, fica evidente a sua relação e intimidade com o 'Na Confraria das Sedutoras', álbum do 3namassa altamente envolto em um erotismo elegante.
Cantada por Siba (ex Mestre Ambrósio e que atualmente toca com o grupo A Fuloresta), mostra os resquícios de projetos preexistentes dos membros da banda.
'Mambobit' é a mais dançante. Como o próprio nome já diz, é norteada pela 'caliência' do mambo (ritmo surgido em Cuba). A voz de Céu acompanha a música como um instrumento. Não há letra, é quase que totalmente instrumental.
Em 'Defenestrando', Céu mostra toda a sua competência como compositora. A letra é divertida e origianal e a canção tem uma batida envolvente e gostosa de ouvir. A melhor música do trabalho, na minha opinião.
'Quilombo Te Espera' mostra a influência inevitável da Nação Zumbi e que me fez lembrar também Jorge Ben, quando em suas composições, na década de 60 e 70 cantou as lutas do guerreiro Zumbi dos Palmares.
'Itapeva' me remeteu às canções de ninar, porém um pouco mais moderninha. Juntamente com B-Negão, Céu cantarola um 'deradandá', que para mim não significava nada até pesquisar o que significava Itapeva. Descobri que é um município do estado de São Paulo e nele existe um ponto turístico denominado Muro dos Escravos (construído pelos mesmos). Por saber da grande influência do projeto com a cultura africana, deduzi que quiseram representar o canto de tristeza e solidão dos esravos em meio ao sofrimento, como um canto de lamento.
'Braz', composta por Gui Amabis, fala da vontade de se estar perto do mar e que mesmo longe dele, a alma o traz docemente, como se nunca o tivesse visto.
'Frevo de Saudade' é nitidamente um frevo animadíssimo, que nos faz lembrar as marchinhas do carnaval de Recife e Olinda, com suas cores e sons.

Sonantes é um álbum para se ouvir sem nenhuma pressa ou cobranças. É extremamente suave e marcante. Quem o ouve nunca mais quer deixa-lo de ouvir. É como um momento que você nunca quer que tenha fim, mas se sente revigorado quando ele acaba.

Uma voz vagarosa no meio da casa.

Maria do Céu Whitaker Poças, mais conhecida como Céu, despontou no cenário musical no ano de 2002. Com uma voz suave, me conquistou instantaneamente. Em 2007, ela lançou seu primeiro álbum de nome homônimo. Diga-se de passagem, uma pérola raríssima.

Seu trabalho traz influências tanto de música originalmente brasileira (particularmente o samba), como do hip hop, afrobeat, jazz, R&B, etc. Ela já afirmou em entrevista que não rejeita o rótulo de MPB, mas considera que ele já ficou limitado. Para mim, ela veio compor a nova safra de cantoras brasileiras que encantam pela diversidade e riqueza de sua música. Cantoras como Mariana Aydar, Marina de la Riva, Ana Cañas, entre outras que sabem misturar ritmos sem perder o ritmo.



Indico para todas as pessoas que curtem música popular brasileira mixada a reggae, dub, samba, hip-hop, jazz e R&B a escutarem o mais recente álbum de Céu intitulado Vagarosa (na imagem acima). É encantador e para mim um dos melhores de 2009. Você o escuta na curiosidade de descubrir os detalhes. Sempre quando ouvi-lo descubrirá novos sons, timbres, barulhos. Eu me apaixonei por esta cantora e agora por este seu segundo trabalho, que sempre coloco para ouvir de tardizinha, quando estou sentada na anti porta da minha casa, quando o sol bate em meu corpo. Me sinto tão leve, mas ao mesmo tempo tão fincada sobre a terra quando ouço este disco. É como se levitasse, mas também como se me prendesse ao chão. Paradoxal isto, mas é o que sinto. No meio da casa eu canto, danço e percebo cada pequenino detalhe que a voz de Céu pode me oferecer nesta viagem musical, pois quando menos percebe você é levado do Brasil à Jamaica em intantes, passando pelos Estados Unidos e seguindo viagem pelo resto do mundo. É isso que este disco traz: influências musicais de todo o planeta mescladas aos ritmos brasileiríssimos, como um encaixe perfeito.

Boa viagem/Good trip/Bon voyage/.

Derramando palavras no papel versão blog.

É, resolvi fazer um blog para escrever tudo o que penso acerca das coisas cotidianas, das músicas que ouço, textos que leio, vídeos que vejo. Enfim, de tudo o que gosto e me dá prazer. Este blog também (e principalmente) será um espaço em que reunirei meus poemas, textos, contos que já escrevo no papel, mas 'digitalizarei', digamos assim. Não há nada igual ou parecido do que escrever em uma folha de papel, por isso continuarei minhas viagens literárias no meu velho e bom caderno. Mas não vejo nada de errado escrever aqui também, já que ele será lido de qualquer forma e estarei me expressando da mesma maneira.
Só realmente espero poder atualiza-lo sempre.

Eu sinto um grande prazer em escrever e sou uma mera aprendiz nesta arte. Sou apaixonada pela literatura, pelo ato de mostrar o que se sente através de palavras. Isso me fascina de tal forma que já é obrigatório eu estar sempre escrevendo algo. Meu pai, apesar de hoje seguir outra profissão, já foi poeta. Inclusive já publicou uma coletânea de poesias escritas por ele. Apaixondo assim como eu pela arte de escrever, por causa da vida moderna, que fez dele um pouco escravo do trabalho e da falta de tempo para os prazeres da vida, escreve muito pouco, atualmente. Diria até que perdeu o encanto e gosto de escrever (uma grande lástima). Mas continua lendo os livros dos seus escritores preferidos. Não sei se esta vontade (ou dom, como alguns sugerem) eu adquiri devido a ele, mas não nego que vendo o meu pai imerso em livros, poemas, sempre citando nomes como Carlos Drummond de Andrade, Castro Alves e Vinicius de Moraes foram estímulos para eu começar a escrever.

Enfim, eu me sinto bem quando escrevo. Uma sensação inexplicável, algo que precisa ser feito para ser compreendido. Só consigo dizer que é algo libertador, prazeroso, algo que enriquece a alma, ao mesmo tempo que a faz mais leve. Te leva a outros mundos, a outras visões de vida. Te engrandece de tal forma que muitas vezes você se torna maior que suas palavras, se isso por acaso pode ser possível, já que as palavras são grandes muralhas da nossa existência e do nosso ser.