24 de fev. de 2010

Sambo no jazzo, frevo na sombra, quente no som.

No embalo do meu clima sambístico, deixo aqui o texto do vocalista da Nação Zumbi (Jorge du Peixe) sobre o samba. Ele resume muito bem o ritmo, adorei.

Da enciclopédia galáctica da Afrociberdelia. Cap.: 003. Tão longe, tão perto

"Vi que nas periferias das grandes cidades do Brasil ainda residem resquícios da boemia antiga, da diáspora africana espalhada em novos quilombos. De um velho drama que tem como protagonistas a miséria e o desencanto. Desencanto floreado, entorpecido, com melodias nada simplórias... raiz nacional, resistência cultural, a memória de um povo que dribla as mazelas do dia a dia com um sorriso que vira mote e enredo. Grito maior da baixa voz dos desfavorecidos... que traz os mistérios de suas origens... do Recôncavo Baiano, passando pelos pagodes nos morros, que acendem e fazem o deleite do homem comum nas favelas, e sem demora descendo para o asfalto, fazendo dos clubes as telas... na Zona da Mata pernambucana, palco dos maracatus de baque solto, do esquema novo de Jorge Ben, do esquema noise da Mundo Livre S/A. Ainda escuto, seja em caixa de fósforos, seja em pandeiro, faca no prato ou no partido-alto, ecoando aos quatro cantos... Lembrando Donga, Candeia, João do Vale, Nelson Cavaquinho, Cartola, Pixinguinha, Bezerra da Silva, a velha guarda e a nova escola que compartilharam e compartilham a dor e a delícia em forma de canto ritmado, sincopado e alterado de um povo de sangue quente e alma fervente. Nesse solo, ritmo, poesia e dança são mais que urgentes! A memória gravada ou gritada nos acordes e batuques diários que acordam esquinas e emolduram desejos, esperanças e conquistas... tão longe, tão perto... simples, forte, original e eterno... isso é o samba." Jorge Du Peixe

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